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			Por: Bruno Dias
Colorida, vibrante e carregada de significado, a cempasúchil é muito mais do que uma flor ornamental. Símbolo sagrado do Dia dos Mortos no México, ela representa a vida, a espiritualidade e a ponte entre o mundo dos vivos e dos que partiram.
Seu tom alaranjado intenso e perfume marcante fazem dela a principal protagonista das homenagens realizadas nessa data.
No entanto, uma ameaça silenciosa paira sobre essa flor ancestral. O avanço do aquecimento global e as mudanças nos padrões climáticos estão colocando em risco o cultivo tradicional da cempasúchil.
Com temperaturas mais altas, chuvas irregulares e solo cada vez mais árido, produtores começam a relatar perdas na produção e dificuldades para manter o ciclo natural da planta.
Será que a flor mais simbólica do Dia dos Mortos corre mesmo o risco de desaparecer?

O que é a cempasúchil?
A cempasúchil (Tagetes erecta), também conhecida como flor-de-morto ou cravo-de-defunto, pertence à mesma família do tagetes comum, muito usado no controle de pragas e em jardins ornamentais.
Seu nome vem do náuatle, língua dos povos originários do México, e significa “flor de vinte pétalas”. Ela é cultivada há séculos por sua beleza, aroma e função espiritual. Nas culturas indígenas e nas tradições mexicanas, acredita-se que seu cheiro guia os espíritos até os altares e túmulos no Dia dos Mortos.
Durante a celebração, que ocorre em 1 e 2 de novembro, a flor é usada para decorar altares (ofrendas), túmulos e caminhos por onde as almas caminham ao reencontrar seus entes queridos.
Por que ela está ameaçada?
O cultivo da cempasúchil é altamente sensível às condições do clima. Essa flor precisa de temperaturas amenas, solo fértil e chuvas regulares, especialmente entre julho e outubro, que é quando ocorre o plantio e a colheita no México.
Com o aquecimento global, os principais riscos são:
- Verões mais quentes, que afetam a germinação das sementes
- Chuvas escassas ou concentradas em períodos curtos, que prejudicam o desenvolvimento das plantas
- Secas prolongadas, que comprometem o cultivo em larga escala
- Alterações no solo, como perda de nutrientes e aumento da salinidade
Produtores de regiões tradicionais, como Puebla e Oaxaca, já relatam perdas significativas na produtividade, além de aumento nos custos com irrigação e adaptação de técnicas.
Impacto cultural e social

Mais do que uma questão botânica, o risco de extinção da cempasúchil representa uma ameaça à identidade cultural de milhões de pessoas. O Dia dos Mortos é um dos patrimônios imateriais mais importantes da América Latina, e a flor está no coração dessa celebração.
Para comunidades indígenas e camponesas, a flor não é apenas simbólica, ela é fonte de renda, usada em rituais, remédios naturais e artesanatos.
Se a cempasúchil se tornar escassa ou desaparecer, parte da memória coletiva e da expressão espiritual desses povos será perdida.
O que está sendo feito?
Algumas universidades e organizações mexicanas vêm atuando em programas de conservação e melhoramento genético da cempasúchil, buscando:
- Desenvolver variedades mais resistentes ao calor e à seca
- Incentivar a agricultura sustentável e agroecológica
- Estimular o cultivo urbano e doméstico da planta
- Promover o uso consciente da flor nos altares e cerimônias
Além disso, há movimentos culturais e ambientais que alertam para a importância de preservar a flor como parte de um esforço mais amplo de proteção da biodiversidade tradicional frente às mudanças climáticas.
Pode-se cultivar cempasúchil em casa?

Sim! A cempasúchil pode ser cultivada em vasos ou canteiros, desde que receba sol pleno, solo bem drenado e regas regulares. Ela floresce melhor em temperaturas amenas, mas com adaptação e cuidado, é possível mantê-la saudável mesmo em outras regiões.
Se você quer cultivar essa flor sagrada em casa:
- Use substrato leve, enriquecido com matéria orgânica
- Plante em local ensolarado
- Mantenha o solo úmido, mas nunca encharcado
- Retire flores secas para estimular novas brotações
Além de bela, a cempasúchil também pode ajudar a afastar insetos e pragas naturalmente, como os outros tipos de tagetes.
Considerações finais
A cempasúchil é muito mais do que uma flor do Dia dos Mortos. Ela é símbolo de fé, tradição, memória e conexão com o sagrado. E justamente por isso, merece atenção, cuidado e preservação.
O risco de extinção dessa planta, causado pelo avanço do aquecimento global, não é apenas uma perda ambiental, é também um alerta sobre o quanto as mudanças climáticas impactam nossa cultura e espiritualidade.
Proteger a cempasúchil é proteger histórias, costumes e a beleza de um povo que honra seus ancestrais com cor, perfume e flores.
FAQ
1. A cempasúchil é a mesma flor usada como tagetes no Brasil?
 São da mesma família, mas a cempasúchil é uma variedade específica (Tagetes erecta), com flores maiores e mais simbólicas no México.
2. É possível comprar sementes de cempasúchil no Brasil?
 Sim, algumas lojas especializadas vendem sementes. Procure por “Tagetes erecta” ou “cravo-de-defunto gigante”.
3. A cempasúchil é tóxica para pets?
 Embora seja segura para jardins, pode causar desconforto se ingerida em grandes quantidades por cães ou gatos.
4. Essa flor só floresce no Dia dos Mortos?
 Não. Ela é plantada com esse objetivo, mas pode florescer entre a primavera e o início do verão, dependendo do clima.
5. Como posso ajudar a preservar a cempasúchil?
 Divulgando sua importância, comprando de produtores locais e apoiando iniciativas sustentáveis de cultivo.
Continue conosco
Quer conhecer outras plantas sagradas, curiosidades botânicas e os impactos das mudanças climáticas no mundo vegetal? Continue explorando nosso blog e mergulhe na beleza e no significado das flores que atravessam culturas e gerações.
 Eloisa da Silva
				Eloisa da Silva
			Eloisa da Silva | Redatora e Curadora de Conteúdo do Be Page
Apaixonada por plantas, viagens e fotografia.
Adoro aprender coisas novas e compartilhar tudo que me inspira.
Aqui divido meus momentos, experiências e descobertas, do jeitinho mais simples e verdadeiro que sou.
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